Por que Portugal é um país tão pobre?

Por que Portugal é um país tão pobre?

A história econômica de Portugal é fascinante e complexa, especialmente no período que antecedeu a crise da zona euro. Enquanto muitas nações experimentavam um notável crescimento, Portugal enfrentava desafios significativos que o tornavam um caso atípico. Durante esse período, o país viu seu desempenho econômico abaixo da média da zona euro, com um aumento no desemprego de 3,8% para 7,5%. Essa situação contrastava com outros países, como Grécia, Espanha e Itália, que testemunhavam uma redução no desemprego.

A pergunta que surge é: por que Portugal enfrentou estagnação em um momento que deveria ser de prosperidade? Para entender isso, é crucial examinar a longa história econômica do país, que já foi um império colonial baseado no comércio. No entanto, por volta de 1900, os dias desse império estavam contados, e Portugal enfrentou uma crise econômica interna nas décadas seguintes.

Na década de 1920, Portugal quase enfrentou a falência e, na década de 1930, caiu sob a ditadura de António Salazar, que governou por quatro décadas. Durante seu governo, implementou o Estado Novo, um sistema econômico baseado no corporativismo, uma ideologia inspirada pela carta do Papa Leão XIII no século XIX. Essa abordagem buscava organizar a sociedade em grandes grupos de interesse, mantendo propriedade privada, mas com extensa regulamentação estatal.

O Papa Leão XIII, em 1891, rejeitou o capitalismo irrestrito e as ilusões do socialismo em sua carta, influenciando a abordagem econômica de Portugal. O corporativismo no país envolveu rigoroso licenciamento industrial, controle de salários e preços, resultando em finanças públicas controladas, mas crescimento econômico modesto e melhorias graduais no nível de vida.

Avançando para o pós-Segunda Guerra Mundial, Portugal, inicialmente neutro, começou a se beneficiar do Plano Marshall para a recuperação econômica europeia. O país, sendo a única nação não industrializada, aderiu à zona de comércio livre europeia em 1959. Essa oportunidade foi aproveitada para aumentar o comércio com os mercados ricos da Europa Ocidental, resultando em crescimento econômico nos anos 70, durante a transição da agricultura à indústria ligeira, especialmente têxteis.

No entanto, esse período de crescimento coincidiu com agitação e guerras revolucionárias nas colônias portuguesas. Enquanto outros países descolonizavam, o governo português buscou integrar economicamente as colônias, liberalizando o comércio e criando uma moeda comum na área do escudo, mas ainda favorecendo em grande parte Portugal.

O golpe militar de 1974 e a transição para a democracia encerraram as guerras coloniais, mas as duas décadas seguintes viram Portugal enfrentar crises econômicas, acumulando dívidas, inflação e assistência do FMI. A entrada na Comunidade Econômica Europeia marcou uma virada, focalizando as políticas na estabilidade macroeconômica. A adesão à união monetária reduziu drasticamente a inflação e a dívida para 50% do PIB, criando expectativas otimistas.

No entanto, o cenário de boom econômico esperado com a adoção do euro não se concretizou. O fraco crescimento econômico de Portugal, comparado a outros protagonistas na crise da zona euro, revela um desempenho frágil. O equilíbrio de oferta e procura, juntamente com empréstimos mais rigorosos dos bancos portugueses, contribuíram para essa situação. Em resumo, a trajetória econômica de Portugal é marcada por desafios, transformações e uma complexa interação de fatores históricos, políticos e econômicos.

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