Zelensky diz: “Putin é fraco e está perdendo a guerra”
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky expressou uma avaliação crítica sobre a reação do presidente russo Vladimir Putin à insurreição armada liderada pelo grupo paramilitar Wagner. Para Zelensky, a resposta de Putin foi “fraca”, levantando questionamentos sobre o controle que o líder russo possui sobre seu próprio povo.
No mês passado, Putin enfrentou a maior ameaça à sua autoridade em duas décadas. O chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, liderou uma rebelião efêmera, tomando o controle de instalações militares em duas cidades russas e marchando em direção a Moscou antes de eventualmente recuar. Isso foi algo que fez soar alarmes em relação ao controle que Putin tem sobre as regiões da Rússia.
Zelensky, expressou suas observações e preocupações. “Vemos a reação de Putin. É fraco”, disse Zelensky a Erin Burnett em Odesa. “Em primeiro lugar, vemos que ele não controla tudo. O fato de Wagner se aprofundar na Rússia e tomar certas regiões mostra como é fácil fazer isso. Putin não controla a situação nas regiões”.
Prigozhin desafiou a autoridade de Putin de maneira sem precedentes, recebendo aplausos de parte do povo russo durante sua insurreição. Em um vídeo as multidões foram vistas aplaudindo quando o veículo de Prigozhin partiu da cidade de Rostov-on-Don, no sul, em 24 de junho. Isso é uma indicação de que, apesar do controle que Putin possa ter exercido, certa parte da população está insatisfeita e apoia movimentos contrários ao atual regime.
Segundo Zelensky, relatórios de inteligência ucranianos indicam que o Kremlin estava medindo o apoio a Prigozhin. O presidente ucraniano afirmou que metade da Rússia apoiou o líder de Wagner e a rebelião do grupo paramilitar.
Essa entrevista de Zelensky ocorre em um momento crucial, não apenas na sequência da insurreição fracassada de Prigozhin, mas também após as semanas de esforços da Ucrânia para recuperar territórios ocupados pela Rússia.
Zelensky também expressou surpresa ao ver seu encontro com Burns sendo relatado na mídia. “Minha comunicação com o chefe da CIA deve ser sempre nos bastidores”, disse ele. “Discutimos coisas importantes – o que a Ucrânia precisa e como a Ucrânia está preparada para agir.” Burns, um diplomata veterano, tornou-se uma figura de confiança em Kiev, realizando várias viagens à Ucrânia durante o conflito.
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, esclareceu em entrevista que mantém um relacionamento aberto e colaborativo com a CIA. “Não temos nenhum segredo da CIA, pois nossas relações são sólidas e nossos serviços de inteligência dialogam constantemente”, afirmou. Ele acrescentou: “A situação é bastante simples. Mantemos uma boa relação com o chefe da CIA e estamos sempre em comunicação. Eu compartilho todas as informações importantes sobre o campo de batalha que consideramos necessárias.”
Em uma coletiva de imprensa realizada em Kiev no último sábado, Zelensky falou sobre a recente rebelião liderada por Yevgeny Prigozhin. Ele acredita que a insurgência “afetou profundamente o poderio russo no campo de batalha” e pode até beneficiar a contraofensiva da Ucrânia.
Zelensky também compartilhou a estratégia ucraniana em termos de território. Até agora, os esforços de Kiev têm se concentrado na recaptura de territórios no sul e leste da Ucrânia. No entanto, Zelensky confessou a Erin Burnett que a libertação da Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014 em violação ao direito internacional, é o objetivo final.
Zelensky declarou: “Não podemos imaginar a Ucrânia sem a Crimeia. E enquanto a Crimeia estiver sob ocupação russa, isso significa apenas uma coisa: a guerra ainda não acabou”. Ao ser questionado se haveria algum cenário em que a paz poderia ser alcançada sem a Crimeia, Zelensky foi enfático: “Não será uma vitória então”.
